Por: Pr. Douglas Reis
  O   mais destacado entre seus pares. Desde 2006, tive contato com a obra de um   aclamado escritor evangélico. Sua tônica: falar poética e contundentemente sobre   a graça divina. A decepção maior veio ao ler sobre a vida do autor em sua   autobiografia: um alcoólatra, que definha por reincidência no vício, o mesmo que   lhe causou o divórcio. Por mais que ele enfatize a graça em seus best   sellers, sua vida pessoal é um eloquente testemunho de desgraça.   
  Gostaria   que isso constituísse exceção entre os evangélicos pensantes, ou mesmo entre os   adventistas. Não é. Definir a graça como eterno perdão leva a abonar o pecado na   maioria dos casos. A graça que salva do pecado não apenas limpa o passado   (justificação), como também propicia condições para uma vida vitoriosa   (santificação). Sem essa segunda atuação da graça, é impossível a experiência   futura da vitória definitiva (glorificação).     
  A   teologia evangélica, reducionista, dissocia graça de estilo de vida. Faz parecer   que, não importa o que faça ou diga, a graça me salva sem implicar em uma   transformação do caráter, a não ser em termos bem gerais, como honestidade, por   exemplo. Assim, assuntos como vestuário, reforma de saúde, estilo de adoração,   separação de práticas mundanas recebe um chute de Tostão e fica simplesmente   fora do âmbito da discussão.
  Estou   bem consciente de que serei mal interpretado. Afinal, o analfabetismo funcional   é o menor dos meus problemas, quando já há um quadro de analfabetismo bíblico   muito mais agravante
 Porém, em respeito aos leitores inteligentes e com a mente   analítica, deixe-me tentar desenvolver o que disse.
  Sempre   seremos essencialmente pecadores ao viver nesse planeta. Mas podemos ser   pecadores regenerados, experimentando a transformação diária, renovando a mente   pela palavra de Deus. A espiritualidade adventista não compartilha da mesma base   da visão evangélica. Entendemos o evangelho como uma mensagem equilibrada,   centrada em Jesus, Aquele que encarnou, morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu,   de onde intercede por nós em Seu santuário. Salvação é obra que depende de um   Salvador Todo Suficiente. 
  Se eu   tivesse um saco de cimento com 50 kg para carregar e o campeão mundial de   levantamento de pesos estivesse por perto, a atitude mais inteligente seria me   afastar para ele fazer o que sabe. Minha melhor ajuda seria não atrapalhar!   Cooperar com o plano de salvação se traduz por colocar a vontade nas mãos de   Deus, não usar meu esforço pessoal para realizar sozinho o que Deus pede. A luta   com a vontade pecaminosa só poderá ser vencida pela atuação de Deus em mim por   meio do Espírito e mediante o poder que há nas Escrituras.   
  Como   entender a graça no contexto da visão adventista de salvação? A graça se   relaciona ao plano de Deus em reproduzir Seu caráter em nós. Não se resume ao   modo como Ele lida com os pecados que cometemos, mas inclui também o modo como   Deus me leva a tomar decisões práticas, a ser obediente em todas as áreas. Quem   confunde obediência com legalismo deveria, no mínimo, repensar seu adventismo e   se perguntar se as distorções evangélicas não têm afetado sua compreensão da   própria salvação. Temo que muitos se choquem tanto ao ler sobre isso porque   sempre pensaram como evangélicos, sem terem sido ensinados a pensarem como   adventistas. Trágico assim.
Espero   que o Espírito de Deus abra o entendimento daqueles que estudam as Escrituras   para permitirem que a graça realize uma obra completa em sua   vida.
   
 
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